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Tag Archives: Kochstraße

A primeira referencia a Berlim de que me lembro eh do muro, provavelmente em uma aula de Historia no primario. Nunca tive muita paciencia para os feitos da Igreja Catolica, para as disputas entre Gregos e Troianos e muito menos para as Grandes Navegacoes. Entao a historia da Alemanha e tudo o que a envolvia, com (e apesar de) todas as suas crueldades, me deixavam mais curiosa. Isso ficou um pouco adormecido em mim desde que o meu grupo na faculdade fez uma pesquisa sobre Joseph Mengele e o Nazismo, mas acabou ressurgindo agora com a vinda a Berlim. E o Muro foi o primeiro “ponto turistico” que resolvi visitar. O sabado amanheceu, como de costume, azul e ensolarado e la fui eu com meu mapa debaixo do braco. Depois de algumas idas e vindas no metro (obvio!), consegui cheguar a estacao Kochstraße!. Logo que sai dela, dei de cara com o museu Haus am Checkpoint Charlie, que guarda a historia do famoso Muro de Berlim. A sensacao, ao chegar ali, foi um misto de tristeza e alegria. Estava feliz por ter a oportunidade de estar em um lugar tao importante, mas eh impossivel nao sentir o peso do sofrimento que a divisao causou pra tanta gente. Confesso que por alguns momentos fiquei ali observando aquela imagem que tinha visto em tantos livros e chorando quietinha. Alias, pra mim aquele eh um dos lugares mais tristes do mundo. Enquanto estive lah, lembrei muito da senhorinha que sentou ao meu lado no aviao e nas historias que ela me contou. Vi tambem algumas frases no muro que me fizeram imaginar quantas vidas foram mudadas pra sempre. Se com isso ja fiquei meio pensativa, preferi evitar ver a mostra ao ar livre que eles chamam de “Topografia do Terror” e nao consegui sorrir na foto ao lado do que sobrou daquela epoca. Mas de repente eu viro a esquina e encontro uma das coisas mais bizarras que ja vi na vida: uma “praia” onde um dia houve o Muro. Isso mesmo, um monte de areia com algumas barraquinhas e tendas, em que as pessoas ficam refesteladas, tomando uma cerveja e comendo um currywurst. Pra mim parece um tanto inadequado, mas esse pedaco de “paraiso” artificial acaba suavizando o clima pesado do lugar. Hesitei em trazer um pedacinho do Muro comigo, mas achei que nao seria um souvenir muito positivo a ser guardado. Prefiro ficar com a lembranca de ter visitado um lugar que nunca imaginei conhecer pessoalmente.